O conceito de vício não é somente o uso de
tóxicos, de álcool, de produtos farmacológicos, de nicotina, ou a prática de
jogos de azar. Ele também compreende as atitudes destrutivas: as de julgar, de
seduzir, de culpar, de gastar, de mentir, de martirizar-se, de exibir-se, etc.
Uma criatura que se encontra sob
a dependência de quaisquer substâncias, de pessoas, de situações e de
comportamentos pode ser considerada viciada.
Analfabetos do sentir são aqueles
que não sabem exprimir, por palavras, gestos ou atitudes, suas emoções, vivendo
num mar de conflitos por não identificarem corretamente seus sentimentos e
emoções, e torná-los distintos.
O analfabeto do sentir pode
entrar pelas portas da viciação como meio de fuga das tensões torturantes,
julgando com isso tornar mais suportável a pressão existente em seu mundo
íntimo desorganizado. É inabilitado para discernir ou avaliar claramente as
sensações ou impressões internas, terá grande probabilidade de adquirir, algum
tipo de vício ou dependência.
Somos o que sentimos. Sofremos
porque não vivemos de acordo com nossos sentimentos e emoções, mas porque
seguimos convenções fundamentadas em regras partidárias e normas sociais que
discriminam características sexuais, étnicas, culturais e religiosas.
Cada um é uma obra-prima de Deus;
por mais que se criem leis, elas não conseguem regulamentar os seres únicos que
somos. Os padrões da sociedade nunca conseguem abranger o âmago do ser, porque
este foge dos parâmetros que o cercam tentando limita-lo.
A criatura analfabeta do sentir, em princípio
não tem a menor idéia de como identificar e começar a lidar com seus
sentimentos e emoções. Solicitar a ela que diferencie as suas muitas emoções é
como pedir a uma criança de poucos meses de idade que não seja birrenta ou
chorosa.
Raiva, tristeza, ansiedade,
angústia, solidão, cansaço, medo, vergonha, carinho ou amor não lhe dão a
impressão de ser sensações diversificadas; para ela todas se apresentam
confusamente misturadas.
Nossos sentimentos e emoções são
tudo o que temos para perceber a luz da vida. Não experimentá-los nem
expressa-los seria o mesmo que destruirmos o elo com nosso âmago; seria
vivermos em constante ilusão, distanciados do verdadeiro significado da vida.
Sentimentos e emoções não são
errados ou impróprios; são apenas energias emocionais, e não traços de
personalidade. Não precisamos nos culpar por experimentá-los.
Admitir medo ou raiva diante de
fatos é perfeitamente compreensível, porque a energia da raiva nos proporciona
um estado de alerta, para que possamos nos defender de algo ou de alguém,
enquanto o medo é um mediador favorável diante de situações de risco.
Sentimentos e emoções nos guiam e
nos fornecem indicações importantes para nossa vida de relação. Se não
sentimos, não analisamos os pensamentos que os acompanham e não sabemos o que
nosso imo está tentando nos mostrar.
Sentimentos indica a faculdade
inata de perceber as impressões afetivas ou de identificar fenômenos relativos
à afetividade. Emoção quer dizer movimento para fora ou comoção que emerge em
face de um possível estado interno.
As emoções afloram dos chacras
ligados diretamente aos plexos nervosos das áreas inferiores do corpo humano,
enquanto os sentimentos provêm dos chacras situados nas regiões superiores.
Podemos identificar sentimentos e
emoções em níveis diversos de intensidade, de acordo com nosso grau de
evolução, conceituando cada um com nomenclaturas diversificadas. A propósito,
fazem parte da mesma família do impulso da raiva: o melindre, a irritação, a
mágoa, o ódio, a violência, a crueldade, bem como a bravura, o arrebatamento, o
entusiasmo, a persistência, a determinação, a coragem.
Precisamos começar a desenvolver
nossa própria educação do sentimento, aprendendo o que e como sentir.
Tornamo-nos emocionalmente
educados quando nos permitimos sentir todas as sensações energéticas que partem
do nosso universo interno, livres de julgamentos precipitados e de qualquer
condenação, pois os sentimentos são bússolas que nos norteiam os caminhos da
vida.
Assim como o vício e o
analfabetismo do sentir andam de mãos dadas, da mesma forma se potencializam
mutuamente a sanidade mental e a educação emocional.
Para que possamos adquirir um
coração apaziguado e uma mente tranqüila, devemos aprimorar nossa leitura
interna, compreendendo o que os sentimentos querem nos dizer e utilizando-os
apropriadamente para cada fato ou situação – devemos aprender a escuta-los
adequadamente.
O valor real de um sentimento ou
emoção pode ser aferido pela constância, determinação e hábitos que revelamos
para interpretá-los.
UM MODO DE ENTENDER, UMA NOVA FORMA DE VIVER
Francisco do Espírito Santo Neto – Espírito
Hammed
O autoconhecimento é o que nos transforma e o que potencializa o bem que já existe em cada um de nós. Bom texto, um tema para ser lembrado constantemente. Abraço.
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